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Telemedicina: Covid-19 e o modelo de saúde em transformação

"Como qualquer implementação de tecnologia exige a adaptação do usuário interno (médico) e do paciente, a função do heavy user interno é fundamental para o sucesso da tecnologia. A telemedicina não é exceção a essa regra e exige não apenas a escolha da plataforma certa, mas também a implementação adequada". Marcos Passarini - CEO SkyTel

A telemedicina ajudou a expandir o acesso à assistência médica, mesmo com a pandemia restringindo todos os tipos de consultas médicas.

As ações tomadas hoje pelos líderes do setor de saúde determinarão o sucesso da telemedicina quando a crise pandêmica terminar.

A crise da Covid-19 acelerou a mudança no modelo de assistência médica em todo o mundo.

Essa sobrecarga de atendimento devido à Covid-19 levou a um acompanhamento telefônico de pacientes com coronavírus leve e incentivou centenas de milhares de pacientes a usar a telemedicina para consultar outras patologias, evitando assim a necessidade de visitar centros médicos pessoalmente. "A Covid-19 vai impulsionar o avanço da telemedicina. Demos um salto de cinco anos em semanas", explica Rafael García, CEO da empresa espanhola de telemedicina Ever Health.

A telemedicina também ajudou muitos médicos a perceberem que a tecnologia pode ser de grande ajuda em seu trabalho diário e que a telemedicina tem grande potencial para ajudá-los em sua situação dramática.

O uso de tecnologias aplicáveis à telemedicina desempenhará um papel fundamental no apoio a modelos de atendimento a pacientes crônicos, patologias cardiovasculares, respiratórias ou de saúde mental, que são algumas das áreas em que a telemedicina terá o maior impacto, doenças com alto impacto social e na saúde.

O campo da telemedicina está avançando diretamente para soluções que combinam dispositivos físicos vestíveis e aplicativos ou programas que coletam dados. Dessa forma, a vida cotidiana de um paciente pode ser monitorada e um risco em potencial pode ser previsto pela alteração de alguns dos níveis que estão sendo monitorados.

Cinco modelos que identificamos como possíveis transformações no setor de saúde virtual:

1. agente virtual sob demanda como alternativa para consultas urgentes: isso significa que as salas de emergência e enfermarias de hospitais e centros de saúde não estão saturadas. Atualmente, esse tipo de consulta é o mais comum. Nos casos de telemedicina pré-paga, ela permite que os pacientes se consultem com provedores anônimos, mas imediatos, sobre dúvidas ou emergências, como sinusite aguda, por exemplo. Isso evita uma ida ao pronto-socorro.

2. Consultório virtual para pacientes que não necessitam de exame físico ou atendimento regular: consultas de cuidados menores (resfriados, check-ups para doenças crônicas menores), saúde mental ou terapia (sessões virtuais com psicólogos ou psicoterapeutas). Um canal de consulta omnicanal que é fácil de incorporar é aquele que inclui uma combinação de telemedicina e consultas presenciais. Isso melhora o acesso, a conveniência e a continuidade do atendimento aos pacientes. Por outro lado, com o suporte remoto de monitoramento, check-ups para pacientes com condições crônicas leves, terapias e sessões digitais, os médicos podem organizar e gerenciar melhor seu tempo com os pacientes.

3. A clínica virtual amplia a oportunidade de os pacientes acessarem o atendimento combinando consultas virtuais com clínicas próximas de casa para testes ou triagem. Por exemplo, uma consulta virtual para um paciente com sintomas de resfriado ou COVID-19 pode ser acompanhada de uma curta viagem ao centro mais próximo para testes e acompanhamento subsequente com um médico para acompanhar e monitorar os sintomas do paciente.

4. A telemedicina em casa permite consultas médicas rápidas, monitoramento remoto e fornece aos pacientes ferramentas de engajamento. Avaliações, programas educacionais para pacientes e cuidadores, terapia psicológica, terapia ocupacional e fonoaudiologia.

Os serviços diretos, como fechamento de feridas ou cicatrização, continuarão a ocorrer nos consultórios médicos, mas a telemedicina tem como objetivo expandir a experiência de pacientes e médicos e ampliar o número de cuidadores e a capacidade de atendimento para melhorar a conectividade dos serviços de saúde. Por exemplo, um fisioterapeuta poderia conduzir uma sessão virtual para idosos em suas casas, para melhorar a força, o equilíbrio e a flexibilidade, e orientá-los sobre como evitar acidentes domésticos e prevenir o risco de quedas.

5. Medicação em tempos de telemedicina: o paciente deixa de receber infusões e medicamentos injetáveis na clínica e passa a recebê-los em casa. Essa mudança ocorrerá gradualmente com o monitoramento constante dos médicos para ajudar os pacientes a entender e aprender a treinar e administrar a medicação. Além disso, os serviços de telemedicina podem ser fornecidos a uma equipe. Por exemplo, uma enfermeira poderia ser responsável pela quimioterapia de um paciente em casa e, ao vivo, em tempo real, o clínico geral do paciente poderia estar verificando e monitorando os sintomas do paciente.

Que medidas as empresas do setor devem tomar para aproveitar essa oportunidade?

Ações que poderiam começar a ser consideradas nos hospitais/centros de saúde:

1. definir um plano de saúde virtual: com dados reais e atualizados para poder priorizar grupos específicos de pacientes e desenvolver estratégias para concluir processos 100% digitais (de consultas a tratamentos).

2. Otimizar os contatos e provedores de que precisamos para nossa telemedicina. Definir quem colaborará com o processo e o escopo de cada provedor. Alinhar todos os processos virtuais às necessidades dos pacientes e até mesmo gerar planos diferentes para atendê-los.

3. Construir o e-Health como um novo produto, adaptado às mudanças do consumidor e à demanda por planos de baixo custo. Esse novo design deve incluir recursos fáceis de usar e a capacidade de oferecer soluções inovadoras (por exemplo, triagem eletrônica).

4. Fortalecer a tecnologia e a análise das ferramentas que serão necessárias para o potencial total do nosso serviço de telemedicina. Ações que o sistema de saúde deve considerar:

Ações que o sistema de saúde deve considerar:

1 ) Acelerar o desenvolvimento de uma porta de entrada 100% integrada ao consumidor. Além disso, adicione os desenvolvimentos implementados em resposta à COVID-19 (por exemplo, triagem eletrônica, mesas giratórias, visitas clínicas, acesso a registros médicos).

2. segmentar grupos de pacientes (por exemplo, pacientes com doenças crônicas) e as especialidades com as quais eles interagem, para que seja possível determinar os diagnósticos e equipamentos domésticos necessários para essas interações remotas.

3. gerar incentivos e treinamento para provedores que apoiam plataformas virtuais (por exemplo, design de fluxo de trabalho, agendamento centralizado e educação e treinamento contínuos).

4. Meça o valor do atendimento virtual quantificando os resultados clínicos, as melhorias no acesso e a satisfação do paciente e do provedor para ajustar e expandir a cobertura do serviço. Inclua uma análise do valor do fornecimento de medicina virtual a pacientes com padrões de risco, como os pacientes crônicos.

5. Considere estratégias que vão além da telemedicina ou das visitas médicas. Por exemplo, pense em como se inserir no mercado e em outras populações e como se adaptar e inovar com outros aplicativos (TeleICU, atendimento a reabilitados pós-internação). Ações que os investidores, os serviços de saúde e as empresas de tecnologia devem considerar:

Ações que os investidores, os serviços de saúde e as empresas de tecnologia devem considerar:

1. desenvolver cenários de como e quando o e-Health evoluirá, incluindo o desempenho durante a COVID-19, com base nas expectativas do consumidor, CMS e outras regulamentações.

2. Avalie o impacto da telemedicina como uma solução e como um serviço, desenvolvendo uma visão de oportunidade para cada tipo. Inclua as expectativas dos consumidores e dos provedores, os impactos (por exemplo, experiências, custo-benefício e resultados) e os retornos.

3. Desenvolver opções em potencial e definir estratégias de investimento com base nas expectativas futuras da telemedicina (por exemplo, combinar plataformas e participantes existentes, associando a oferta de consultas pessoais e virtuais) e criar valor sustentável.

4. Identificar ativos e recursos a serem implementados para esses desenvolvimentos, incluindo ativos específicos que nos permitirão otimizar nosso modelo de negócios para obter uma lucratividade atraente.

5. Executar, executar e executar. O próximo "normal" no setor de saúde vai se expandir rapidamente e aqueles que conseguirem antecipar esse impacto serão os que criarão valor diferencial. O potencial do efeito de rede não deve ser subestimado.

A janela para ação é agora.

A crise atual demonstrou a relevância da telemedicina e criou um sistema aberto à mudança e à modernização do sistema de saúde. Espera-se que essa modernização cresça de um valor de mercado de US$ 3 bilhões para, potencialmente, US$ 250 bilhões.

As bases para o sucesso serão vistas nos próximos meses após a Covid-19. Os sistemas de saúde que se destacarão são aqueles que agem de forma decisiva, que investem na capacitação em larga escala, que trabalham arduamente para otimizar o modelo de saúde virtual que oferecem e que prestam um serviço diferenciado e de alta qualidade a seus consumidores e pacientes.

Fonte: MCKINSEY

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